É importante saber comunicar?

Sem mais demoras, a resposta ao título é… SIM! Comunicação é a base de qualquer relacionamento.
Seja pessoal ou profissional. Em qualquer contexto, comunicar é o oxigénio que permite criarmos ligações com os outros.

Porém, a maioria das pessoas tem dificuldade em comunicar de forma simples e eficiente. Ao longo dos anos, foram desenvolvendo imprecisões na forma como comunicam e que os impede de, verdadeiramente, compreender e conectar.

Mas é possível parar de repetir os hábitos de comunicação que não te estão a beneficiar.

Vamos a isso? 😃

Identifica os triggers que despoletam reações irrefletidas

Desde sempre, que somos ensinados a usar “técnicas” para nos relacionarmos com terceiros como ser superficial, transmitir algo diferente do que estamos realmente a sentir e até manipular os outros para conseguirmos o que queremos. E nem sempre o fazemos de forma consciente. Por vezes, até temos uma boa intenção de querer comunicar de forma mais profunda e positiva. Mas ao primeiro trigger, cai tudo por terra.

Por exemplo, a Maria tem um relacionamento complicado com os pais. Num dia em vai a casa deles jantar, decide que vai tentar que seja uma refeição calma, positiva mas... à primeira crítica que lhe fazem, pimba, cai na “ratoeira” e começam a discutir por 2 horas.

A boa notícia é que estes hábitos que fomos criando como mecanismos de defesa podem ser desaprendidos e substituídos.

Se conseguires identificar o que te leva a responder de forma impulsiva, consegues ajustar as tuas respostas.
Pequenas coisas que podes fazer quando sentes que te estão a “atacar”:

  1. Não respondas logo

  2. Respira fundo

  3. Entende a génese da situação

  4. Identifica a melhor forma de ultrapassá-la

  5. Evita gaguejar pois vais transparecer desconforto e falta de confiança na tua resposta (pensa primeiro, fala depois)

Estamos muito habituados nas séries e filmes a ver conversas seguidas sem paragens, sem pausas. Parece que nunca ninguém pensa, não é?
Mas não nos podemos esquecer que são situações hipotéticas com falas pré-definidas. E nós, na vida real, não temos isso. Por muito receio que tenhas do silêncio, ele é bem melhor do que respostas imponderadas.

Vou partilhar contigo um exercício que fiz num curso de tirei em 2012 sobre como aprender a reagir a situações inesperadas e negativas. O instrutor pediu à turma para preparar uma pequena apresentação sobre um tópico que quiséssemos. Eu escolhi falar sobre a Chamarrita 😄 uma dança folclore típica dos Açores (pesquisa se tiveres curiosidade). E estava a partilhar os passos base quando o instrutor me interrompeu com uma postura de desprezo e menosprezo e disse “Grande coisa! Isso são os passos base da Salsa. Que especialidade.”
Parei, respirei fundo e respondi de forma entusiástica “A sério? Boa! Então afinal também sei dançar salsa! Muito obrigada pela partilha”.
E transformei uma situação desagradável em positiva. O instrutor deu-me os parabéns e, para deixar claro, ele não sabia se são os mesmos passos da Salsa 😅 o foco era em criar uma situação desconfortável, em público e tentar reagir de forma ponderada e “desarmar” o “ataque” recebido.

Se tiveres dificuldade em identificar como responder a situações deste tipo podes fazer três coisas para ganhar uns preciosos segundos adicionais:

  • Pedir que repitam a pergunta ou afirmação
    ”Desculpa, não percebi. Podes repetir, por favor?”

  • Devolver com uma pergunta que te ajude a perceber melhor o que querem dizer
    ”Para garantir que percebi bem a mensagem, ….?”

  • Começar por agradecer a pergunta ou afirmação
    ”Bom ponto / Excelente pergunta / Muito bem visto”

Sabendo identificar que tipos de situações, posturas ou temas fazem com que entres na tua zona de desconforto e tenhas maior probabilidade de reagir de forma irrefletida, é o primeiro passo para conseguires ajustar as tuas respostas a essas mesmas situações.

E que mais podes fazer para ajudar numa comunicação positiva e eficiente?

Ouvir mais do que falas

  • Aquiescer (abanar a cabeça positivamente, mostrar que estás a receber a mensagem e que a tua atenção está 100% na pessoa que está a falar)

  • Reparar na linguagem corporal e se está de acordo com a mensagem que está a ser transmitida

  • Usar perguntas abertas para dar oportunidade da outra pessoa elaborar e dar mais informação

Ouvir de forma refletida

  • Parafrasear (usar as mesmas palavras que o interveniente utilizou)

  • Identificar os verdadeiras sentimentos por trás do que é dito

  • Identificar os verdadeiras problemas por trás do que é dito

Confrontar saudavelmente

  • Responder sempre num tom amigável (principalmente, se a outra pessoa estiver enervada e levantar a voz)

  • Pensar na resposta (conteúdo e forma) antes de falar (não ter medo dos silêncios)

  • Apostar em termos positivos e encorajadores

Focar na solução

  • Ajudar na identificação de soluções de forma colaborativa (sem cair no erro de procurar culpados!)

  • Se for um tema com várias pessoas, envolver todos na tomada de decisão e garantir que estão na mesma página

  • Definir deadlines e owners para as ações identificadas e cumpri-los

Como qualquer área, comunicar é algo que se aprende, treina e evolui. Por isso, vai percebendo quais são os teus triggers e o que podes ir fazendo para melhorar. Para um cargo de liderança, saber comunicar é absolutamente essencial. Eu não sou especialista e é uma aprendizagem contínua diária. Mas é uma jornada que nos ajuda a compreendermo-nos melhor a nós próprios e aos outros também 😉

Última dica: fala a sorrir. Principalmente, num contexto remoto, é importante que as mensagens não sejam frias e desagradáveis. Se não tiveres sempre a webcam ligada, ao menos garante que, quem te está a ouvir, recebe a mensagem de uma forma agradável e humana.

Por isso, vai treinando e evoluindo!

Boas lideranças (e comunicações!),

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